Prof. André Santos
Texto base: Romanos 3.21-31
Texto
chave:
Romanos 3.25
Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação mediante
a fé, pelo seu sangue, demonstrando a sua justiça. Em sua
tolerância, havia deixado impunes os pecados anteriormente cometidos.
Introdução:
O julgamento divino
contra os pecados anteriormente cometidos. Motivou Deus a exercer seu eterno
amor, oferecendo Cristo na cruz do calvário, o que satisfez a necessidade
propiciatória produzindo perdão e justificação. Paulo é cuidadoso ao indicar
que o sacrifício de Cristo não fez Deus nos amar mais ou menos. A verdade
expressa no texto é que “o amor de Deus levou-o a oferecer o seu Filho, Jesus
Cristo, como propiciação”. (5.8; 8.32; Jo 3.16).
Obs.:
Algumas verdades no texto precisam ser analisadas a luz das
escrituras, pontos fundamentais para a compreensão do propósito para qual o
texto foi escrito, o que nos levará ao perfeito entendimento das sagradas
escrituras.
1. Para
propiciação: Em João 3.16 a bíblia deixa claro que, “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira”. Alguns insistem na ideia de que Deus
enviou Jesus a fim de conceder salvação a todos, sem exceção, visando a
propiciação, ou seja. O louvor de sua eterna Gloria Mas, porém isso somente
como uma possibilidade. Contudo, Jesus deixa bem claro que a salvação é
daqueles que "o Pai lhe dá" - e somente destes - não é uma mera
possibilidade, mas certeza absoluta. E "o que vêm a mim" (6.37-40;
10.14-18; 17.19) "de modo nenhum o lançarei fora". A verdade expressa
pela palavra "mundo" é que a obra salvífica de Cristo não é limitada
a tempo e lugar, porém aplica-se aos eleitos de todas as partes do mundo.
Vejamos
o texto:
João 6.37,38 - Todo o que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu
jamais rejeitarei. Pois desci do céu, não para
fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele que me enviou.
2. Mediante
a fé: A
ênfase de Paulo em Romanos 3.22 é reiterada, e, portanto, é destacada.
"Mediante" indica o meio de nós termos sido ligados à retidão de
Cristo. A fé é a causa instrumental, e não a causa final da justificação. Paulo
torna explicito o que está implícito em outras passagens no Novo Testamento a
respeito da fonte ultima da fé salvadora.
Vejamos
alguns textos:
Atos 13.48 - Ouvindo
isso, os gentios alegraram-se e bendisseram a palavra do Senhor; e creram todos
os que haviam sido designados para a vida eterna.
Filipenses 1.29 - Pois
a vocês foi dado o privilégio de, não apenas crer em Cristo, mas também de
sofrer por ele.
Tiago 2.14 - De
que adianta meus irmãos, alguém dizer que tem fé se não tem obras? Acaso a fé
pode salvá-lo?
Obs.: O ponto crucial da relação entre fé e
obras, leva a pergunta em pauta: Que tipo de fé é salvadora? A pergunta de
Tiago é retórica; a resposta óbvia é que a fé sem obras não pode salvar. A fé
que não produz nenhuma ação não é uma fé salvadora. O Novo Testamento não fala
de uma justificação através de uma profissão de fé ou de uma afirmação de fé;
ele ensina justificação através da possessão de uma fé verdadeira. Que nos foi concedida
por intermédio da ação Divina no homem.
3. Pelo
seu sangue: Quer dizer, uma remissão dos pecados. “sem derramamento de sangue não
há remissão.” O sangue foi derramado, e há, portanto,
esperança no tocante à remissão. Apesar dos severos requerimentos da Lei, a
remissão não deve de ser abandonada. A palavra remissão quer dizer: saldar
dívidas. Assim como o pecado é uma divida contraída com Deus, assim também essa
dívida pode ser apagada, cancelada e suprimida. O pecador, o devedor de Deus,
deixar de estar em dívida por compensação, por uma plena quitação, e pode ficar
livre em virtude dessa remissão.
4. Demonstrando
a sua justiça:
A obra de Cristo revela tanto a justiça de Deus (ele pune o pecado na pessoa de
seu próprio Filho, Romanos 8.32) como a retidão do caminho divino da salvação,
mediante a "fé em Jesus". Ao tratar com Cristo como o portador do
pecado, e com a pessoa humana como pecadora, Deus não compromete de maneira
alguma a sua própria santidade, e nem a
necessidade dos pecados serem expiados. Contudo, ele proveu graciosamente a salvação que a humanidade era incapaz de obter. Quanto a esse aspecto, Paulo via a Cruz de Cristo como a manifestação da gloriosa sabedoria de Deus (1 Co 1.23,24).
necessidade dos pecados serem expiados. Contudo, ele proveu graciosamente a salvação que a humanidade era incapaz de obter. Quanto a esse aspecto, Paulo via a Cruz de Cristo como a manifestação da gloriosa sabedoria de Deus (1 Co 1.23,24).
Vejamos
alguns textos:
Romanos 3.26 - Mas,
no presente, demonstrou a sua justiça, a fim de ser justo e justificador
daquele que tem fé em Jesus.
1 Coríntios 1.23-24 - Nós, porém, pregamos a Cristo crucificado, o qual, de
fato, é escândalo para os judeus e loucura para os gentios mas para os
que foram chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria
de Deus.
Gálatas 3.11 - É
evidente que diante de Deus ninguém é justificado pela lei, pois "o justo
viverá pela fé".
Sola
fide:
“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem
de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.” Efésios 2:8-9
Somente pela fé, e unicamente por ela, o pecador é salvo com base nos méritos
eternos de Cristo. Sendo assim, a presente sola reafirma os três solas
anteriores (Sola Gratia, Solus
Christus e Sola Scriptura). A Escritura é o meio pelo qual Cristo é
revelado, sendo este o alvo da fé, sendo que a fé é um presente concedido
graciosamente por Deus “e isto (a fé) não vem de vós”. Somente pela fé na
pessoa e obra de Cristo é o meio pelo qual Deus declara o pecador injusto em
justo. A necessidade de tal ato se dá por causa da nossa total inabilidade e
capacidade para satisfazer a justiça de Deus. Porque somos pecadores, todas as
nossas obras estão corrompidas pelo pecado e, portanto, são inúteis a Deus, ou
como a própria Escritura trata (Isaías 64:6), como algo podre.
5. Havia
deixado impunes:
Deus demorou em castigar o povo desobediente de Israel para manter a honra do
seu próprio nome. Se Deus tivesse praticado a justiça na hora, a primeira vez
que Israel pecou, ele nunca teria cumprido a promessa de oferecer salvação para
todos nós através do descendente de Abraão (Gênesis 12:3). No Novo Testamento,
Paulo usa a palavra longanimidade para descrever essa demora em castigar. A
justiça aplicada sem longanimidade teria resultado na condenação de todos, até
de nós! Deus temporariamente poupou um povo para salvar muitos outros.
Vejamos
alguns textos:
Isaías 48.9 - Por amor do meu nome, retardarei a minha ira e por causa da minha
honra me conterei para contigo, para que te não venha a exterminar.
Romanos 9.22-24 - Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua
ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de
ira, preparados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as
riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de
antemão, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas
também dentre os gentios?
Exposição
do Texto
3.21 Mas agora. A lei de Moisés, vista como uma
demanda, não pode salvar. Não obstante, o evangelho não é contrário à lei de
Moisés (1.2). O evangelho já tinha sido proclamado tanto pela "Lei"
como pelos "Profetas". Mas "agora" (o tempo transbordante
da significação remidora, por causa da vinda de Cristo; v. 26), a justiça de
Deus chega ao seu cumprimento histórico, através de Cristo e Sua missão.
Sem lei. A justiça para com Deus não é obtida
pelos nossos atos de obediência à lei. Não obstante, Paulo insiste em que o evangelho
não anula a lei (v. 31; 6.15; 8.3,4; 13.8,10).
3.22 mediante a fé em Jesus Cristo, para
todos... Os que creem.
A justiça de Deus deve ser recebida, agora que ela foi "revelada" (v.
21). Para Paulo, o ato de crer envolve o conhecimento do conteúdo do evangelho,
o assentimento mental ao seu testemunho acerca de Cristo (10.14), e a confiança
obediente e a dependência a ele como Salvador e Senhor (1.5). A retidão de Deus
destina-se exclusivamente àqueles que têm fé ("porque não há distinção;
pois todos pecaram e carecem da glória de Deus"), sem importar se são
judeus ou gentios (1.16,17).
3.23 carecem da glória de Deus. Ver "Pecado Original e
Depravação Total", em Sl 51.11. Uma pungente descrição das consequências
do pecado. Criada à imagem do Deus glorioso (Gn 1.26,27), a humanidade trocou a
glória divina pela idolatria (1.23), e distorceu a imagem divina. Agora, as
pessoas estão moral e espiritualmente repulsivas e depravadas. A graça renova e
restaura a glória perdida da humanidade no caso dos crentes (5.2; 8.18; 1Co
15.42-49; 2Co 3.18; Ef 4.24; Fp 3.20,21; Cl 3.10).
3.24 sendo justificados. Nas Escrituras, a justificação é o
contrário da condenação (p.ex., Pv 17.15). É a declaração que diz que o pecador
que crê é justo, e isso devido à retidão imputada de Cristo, o "dom da
justiça", conforme lemos em 5.17. Agora a justiça de Cristo é legalmente
considerada como possessão do pecador crente. A justificação é algo final e
irreversível (8.1,33,34). Está alicerçada sobre a obediência da vida inteira de
Cristo, na qual ele cumpriu os preceitos de Deus por nós, e em sua morte na
cruz, quando pagou a pena do julgamento divino que era contra nós. Os crentes
compartilham atualmente da posição justa, tanto quanto a do Cristo ressurreto,
com quem eles estão unidos desde agora e pra sempre (2Co 5.21).
Gratuitamente, por sua
graça. A reiteração
da mesma idéia, mediante palavras diferentes, enfatiza a iniciativa e a
misericórdia divina por nos ter concedido livremente a nossa salvação.
A redenção. Liberdade obtida por meio do
pagamento de um preço; neste caso específico vemos a soltura da condição
anterior de escravidão ao pecado. Isso foi realizado através da morte de
Cristo, o preço da redenção pago pela nossa salvação (Mc 10.45; 1Tm 2.6 e Hb
9.15).
3.25 a quem Deus propôs. Cristo morreu como um sacrifício
propiciatório, que satisfaz o julgamento divino contra os pecadores, produzindo
perdão e justificação. Mas Paulo é cuidadoso ao indicar que o sacrifício de
Cristo não fez Deus nos amar. O contrário é que exprime a verdade — o amor de
Deus levou-o a oferecer o seu Filho (5.8; 8.32; Jo 3.16).
Mediante a fé. A ênfase do v. 22 é reiterada, e,
portanto, é destacada. "Mediante" indica o meio de nós termos sido
ligados à retidão de Cristo. A fé é a causa instrumental, e não a causa final
da justificação.
3.26 a manifestação da sua justiça. A retidão judicial de Deus fica
demonstrada no evangelho. Sob o sistema mosaico de sacrifícios, o perdão era
oferecido através (mas não à base) de sacrifícios de animais. Conforme o Novo
Testamento reconhece (Hb 9.11-15; 10.1-4), tais sacrifícios não podem servir de
substituto pelos pecados dos seres humanos. A real significação dos sacrifícios
veterotestamentários jaz na maneira como apontavam para Cristo, por meio de
quem Deus cuidaria do pecado humano, de maneira apropriada e definitiva. Em
face do que ele faria mais tarde, Deus podia, com justiça, passar por cima dos
"pecados anteriormente cometidos" (v. 25). A obra de Cristo revela
tanto a justiça de Deus (ele pune o pecado na pessoa de seu próprio Filho,
8.32) como a retidão do caminho divino da salvação, mediante a "fé em
Jesus" (v. 26). Ao tratar com Cristo como o portador do pecado, e com a
pessoa humana como pecadora, Deus não compromete de maneira alguma a sua
própria santidade, e nem a necessidade dos pecados serem expiados. Contudo, ele
proveu graciosamente a salvação que a humanidade era incapaz de obter. Quanto a
esse aspecto, Paulo via a Cruz de Cristo como a manifestação da gloriosa
sabedoria de Deus (1Co 1.23,24).
3.27 Onde, pois, a jactância. O ponto salientado em 2.17,23 vem
novamente à superfície. Visto que tanto os judeus quanto os gentios estão
debaixo da ira, por causa de seu pecado, e visto que a lei não protege os
judeus, mas antes, revela a condenação deles, e visto que o evangelho
desmascara a injustiça do indivíduo, ao mesmo tempo em que revela a justiça de
Deus, ninguém, nem mesmo um judeu, tem qualquer base para jactar-se (4.2,3). De
fato, a jactância fica "excluída", visto que somente a fé (vs.
27,28,30), e não as realizações humanas, traz a salvação.
3.28 justificado pela fé. Gl 3.11.
3.30 Deus é um só. A salvação não nos é dada por sermos
possuidores da lei. Isso subentende que a salvação foi posta à disposição de
outras pessoas, e não somente à disposição dos judeus. Paulo confirma essa
verdade, em face da oposição judaica, apelando para a confissão fundamental da
religião do Antigo Testamento, que Deus é um só (Dt 6.4). Esse princípio já
havia sido deixado implícito, nas acusações legais dos profetas do Antigo
Testamento, contra as nações, por causa dos pecados delas, e contra os judeus,
por causa dos pecados deles (p.ex., Am 1.2). Paulo salientou que a justificação
vem aos judeus ("os circuncisos") e aos gentios ("os
incircuncisos") de uma mesma maneira — exclusivamente pela fé.
3.31 Anulamos, pois, a lei pela fé. Ver "Antinomismo", em 1Jo
3.7. Paulo estava rejeitando a lei como caminho da salvação. Mas visto que a
lei, como demanda moral, não foi dada aos pecadores a fim de justificá-los (vs.
19,20), o princípio da salvação pela graça divina, mediante a fé, não pode ser
contradito pela lei. Conforme ele demonstrou mais adiante, o evangelho sustém e
fomenta o alvo final da lei (8.3,4; 13.8-10).
FONTE
Projeto Spurgeon – Proclamando a CRISTO
crucificado.
Bíblia de Estudo de
Genebra
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