Carta a Igreja em Esmirna
Introdução ao texto:
Cada uma dessas mensagens, às sete igrejas, traz o
seguinte;
1. Quem manda a mensagem;
2.
A condição espiritual da igreja;
3.
Aviso a respeito de elementos maus dentro ou
fora da igreja;
4.
Promessa para as pessoas que continuarem fiéis;
5. Conclusão.
Texto em destaque:
"O que vês, escreve-o num
livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia"
Apocalipse. 1: 11.
O que foi escrito a Esmirna?
Vamos
ler apocalipse: 2.8-11
8 Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Estas coisas diz o primeiro
e o último, que esteve morto e tornou a viver: 9 Conheço a tua tribulação,
a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram
judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás. 10 Não temas as coisas que
tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós,
para serem postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à
morte, e dar-te-ei a coroa da vida. 11 Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda
morte.
Quem era Esmirna?
Esmirna era a principal cidade que disputava com Éfeso e Pérgamo a fama
de ser chamada de maior cidade da Ásia. Ruas e edifícios se estendiam através
do litoral que circundava as montanhas. Fontes emanavam com águas do aqueduto da
cidade. Um teatro ficava numa das áreas mais altas da cidade e de lá se
contemplava a parte mais baixa da cidade. Esmirna reivindica o título de berço
do poeta Homero e
construiu um relicário em sua honra. Uma biblioteca, ginásios e um estádio
contribuíam para a vida cultural de Esmirna. A cidade atraiu oradores, como Apolônio de Tiana no
primeiro século, e outros renomados, no segundo século.
Texto em destaque:
9 Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és
rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo,
antes, sinagoga de Satanás. 10 Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o
diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serem postos à prova,
e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da
vida.
Exposição do texto:
8 Ao anjo da igreja
em Esmirna escreve: Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e
tornou a viver:
Ao anjo da igreja em Esmirna escreve...
A palavra utilizada aqui é “aggelos”
um mensageiro, este anjo é o pastor da igreja. Neste caso temos como base o
Bispo Policarpo (provavelmente o líder da igreja de Esmirna), o mensageiro de
Cristo a igreja local.
... Estas coisas diz aquele...
Temos aqui o remetente, ou seja, aquele
que manda a mensagem. No capitulo 2.1 lemos “...Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete
estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro”. Cristo
o Primeiro e o Último, aquele que detém todo poder.
... Primeiro e ultimo...
A expressão “primeiro e último”
já encontraram no Antigo testamento. Ela reflete a eternidade, a imutabilidade
e o governo de Deus (Isaias 41.4; 44.6; 48.12), ou seja, O PRIMEIRO NO TEMPO OU NO LUGAR.
A expressão mais utilizada no livro de apocalipse é ALPHA
(άλφα) e OMEGA (ωμέγα), a primeira e a última
letra do alfabeto grego.
... Que esteve morto e tornou a viver...
A morte e a ressurreição de
Cristo são dois eventos importantíssimos no cristianismo. “Que esteve morto” dá
a certeza de que, de fato, Jesus morreu (Mateus 27.50; Marcos 15.37; Lucas
23.46; João 19.30; Atos 2.22,23). Essa expressão representa a vitória de Cristo
sobre a morte, o regozijo de nossa alma é saber que o Senhor venceu a morte.
9 Conheço a tua
tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se
declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de Satanás.
... Conheço...
O termo CONHECER aqui usado,
representa um conhecimento adquirido por experiência. O Senhor Jesus, que ANDA
no meio da igreja, observa tudo que eles fazem, e os conhece muito bem. Mais o que cristo conhece dessa igreja?
... A tua tribulação...
Aqui a expressão usada é THLIPSIS (πρέσα), ato de prensar, pressão.
Representa todo sofrimento e injustiça que os crentes tem passado por amor a
Cristo, aqueles que são fiéis ao Senhor.
... A tua pobreza...
PTOCHEIA “φτώχεια”, o termo aqui
utilizado refere-se as pessoas desprovidas, destituídas de riquezas ou bens
materiais
... (mas tu és rico)...
Primeiro o Senhor expõe a
condição financeira da igreja, (tua pobreza), posteriormente ELE afirma que a
igreja em Esmirna era rica espiritualmente. Que belo conforto, aqui Jesus
mostra que precisamos das coisas materiais apenas para mantimento. A MELHOR
RIQUEZA É A GLORIA DE DEUS NO MEIO DA IGREJA.
... E a blasfêmia dos que a si mesmos se
declaram judeus...
BLASPHEMIA “βλασφημία” aqui tem a conotação
de Calunia, difamação, discurso injurioso contra o bom nome de alguém. A blasfêmia
contra os cristão era um dos aspectos da perseguição religiosa existente na
cidade de Esmirna. Havia na cidade uma comunidade judaica que maltratava os
cristãos. Acusam os cristãos de praticarem orgias, por causa do osculo santo
(beijo)
... E não são, sendo antes, sinagoga de Satanás...
Esses judeus que blasfemavam dos
crentes em Cristo não poderiam ser judeus, no sentido real, ainda que eles
fossem por descendência segundo a carne. A bíblia nos mostra que os verdadeiros
judeus são os filhos de Abraão pela fé (Gálatas 3.7). Para Jesus, esses judeus blasfemantes,
não passavam de Sinagoga de Satanás.
10 Não temas as coisas
que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns
dentre vós, para serem postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da
vida.
... Não temas as coisas que tens que
sofrer...
Estas palavras soam como mais
conforto divino para os crentes, porém a batalha não havia terminado. Vejamos o
relato do Bispo de Esmirna, Policarpo.
Policarpo de
Esmirna:
O dia
estava quente. As autoridades de Esmirna procuravam Policarpo, o respeitado
bispo da cidade. Elas já haviam levado outros cristãos à morte na arena. Agora,
uma multidão exigia a morte do líder. Policarpo saíra da cidade e se escondera
na propriedade de alguns amigos, no interior. Quando os soldados entraram, ele
fugiu para outra propriedade. Embora o idoso bispo não tivesse medo da morte e
quisesse permanecer na cidade, seus amigos insistiram em que se escondesse, talvez
com temor de que sua morte pudesse desmoralizar a igreja. Se esse era o caso,
estavam completamente equivocados. Quando os soldados alcançaram a primeira
fazenda, torturaram um menino escravo para que revelasse o paradeiro de
Policarpo. Assim, apressaram-se, bem armados, para prender o bispo. Embora
tivesse tempo para escapar, Policarpo se recusou a agir assim. "Que a
vontade de Deus seja feita", decidiu. Em vez de fugir, deu as boas-vindas
aos seus captores, ofereceu-lhes comida e pediu permissão para passar um
momento sozinho em oração. Policarpo orou durante duas horas. Alguns dos que
ali estavam com a finalidade de prendê-lo pareciam arrependidos por prender um
homem tão simpático. No caminho de volta a Esmirna, o chefe da guarda tentou
argumentar com Policarpo: "Que problema há em dizer 'César é senhor' e
acender incenso?". Policarpo calmamente disse que não faria isso. As
autoridades romanas desenvolveram a idéia de que o espírito (ou o
"gênio") do imperador (César) era divino. A maioria dos romanos, por
causa de seu panteão, não tinha problema em prestar culto ao imperador, pois
entendia a situação como questão de lealdade nacional. Porém, os cristãos
sabiam que isso era idolatria. Pelo fato de os cristãos se recusarem a adorar o
imperador ou os outros deuses de Roma e adorar Cristo de maneira silenciosa e
secreta em seus lares, a maioria das pessoas achava que eles não tinham fé.
"Fora com os ateus!", gritavam os habitantes de Esmirna, enquanto
buscavam os cristãos para prendê-los. Como sabiam apenas que os cristãos não
participavam dos muitos festivais pagãos e não ofereciam os sacrifícios comuns,
a multidão atacava o grupo considerado ímpio e sem pátria. Então, Policarpo
entrou em uma arena cheia de pessoas enfurecidas. O procónsul romano parecia
respeitar a idade do bispo. Como Pilatos, queria evitar uma cena horrível, se
fosse possível. Se Policarpo apenas oferecesse um sacrifício, todos poderiam ir
para casa. — Respeito sua idade, velho homem — implorou o procónsul. — Jure
pela felicidade de César. Mude de idéia. Diga "Fora com os ateus!". O
procónsul obviamente queria que Policarpo salvasse a vida ao separar-se
daqueles "ateus", os cristãos. Ele, porém, simplesmente olhou para a
multidão zombadora, levantou a mão na direção deles e disse: — Fora com os
ateus! O procónsul tentou outra vez: Policarpo — Faça o juramento e eu o
libertarei. Amaldiçoe Cristo! O bispo se manteve firme. — Por 86 anos servi a
Cristo, e ele nunca me fez qualquer mal. Como poderia blasfemar contra meu Rei,
que me salvou? A tradição diz que Policarpo estudou com o apóstolo João. Se
isso foi realmente verdade, ele era, provavelmente, o último elo vivo com a
igreja apostólica. Cerca de quarenta anos antes, quando Policarpo começou seu
ministério como bispo, Inácio, um dos pais da igreja, escreveu a ele uma carta
especial. Policarpo escreveu de próprio punho, uma carta aos filipenses. Embora
não seja especialmente brilhante e original, essa carta fala sobre as verdades
que ele aprendeu com seus mestres. Policarpo não fazia exegese de textos do
Antigo Testamento, como os estudiosos cristãos posteriores, mas citava os
apóstolos e os outros líderes da igreja para exortar os filipenses. Cerca de um
ano antes do martírio, Policarpo foi a Roma para acertar algumas diferenças
quanto à data da Páscoa com o bispo daquela cidade. Uma história diz que, nessa
cidade, ele debateu com o herege Marcião, a quem chamava "o primogênito de
Satanás". Diz-se que diversos seguidores de Marcião se converteram com sua
exposição dos ensinamentos apostólicos. Este era o papel de Policarpo: ser uma
testemunha fiel. Líderes posteriores apresentariam saídas criativas diante de
situações em constante mutação, mas a era de Policarpo requeria apenas
fidelidade. Ε ele foi fiel até a morte. Na arena, a argumentação continuava
entre o bispo e o procónsul. Em certo momento, Policarpo admoestou seu
inquisidor: "Se você [...] finge que não sabe quem sou, ouça bem: sou um
cristão. Se você quer aprender sobre o cristianismo, separe um dia e me conceda
uma audiência". O procónsul ameaçou jogá-lo às feras. Policarpo disse:
"Pois chame-as. Se isto fosse uma mudança do mal para o bem, eu a
consideraria, mas não posso admitir uma mudança do melhor para o pior".
Ameaçado pelo fogo, Policarpo reagiu: "Seu fogo poderá queimar por uma
hora, mas depois se extinguirá; mas o fogo do julgamento por vir é
eterno". Por fim, anunciou-se que Policarpo não se retrataria. O povo de
Es-mirna gritou: "Este é o mestre da Ásia, o pai dos cristãos, o
destruidor de nossos deuses, que ensina o povo a não sacrificar e a não
adorar!". O procónsul ordenou que o bispo fosse queimado. Policarpo foi
amarrado a uma estaca, e o fogo foi ateado. Contudo, de acordo com testemunhas
oculares, seu corpo não se consumia. Conforme o relato dessas testemunhas, ele
"estava lá no meio, não como carne em chamas, mas como um pão sendo assado
ou como o ouro e a prata sendo refinados em uma fornalha. Sentimos o suave
aroma, semelhante ao de incenso, ou ao de outra especiaria preciosa".
Quando um dos executores o perfurou com uma lança, o sangue que jorrou apagou o
fogo. Este relato foi repassado às congregações por todo o império. A igreja
valorizou esses relatos e começou a celebrar a vida e a morte de seus mártires,
chegando a coletar seus ossos e outras relíquias. Em 23 de fevereiro, todos os
anos, comemoravam o "dia do nascimento" de Policarpo no Reino
celestial. Nos 150 anos seguintes, à medida que centenas de outros mártires
caminharam fielmente para a morte, muitos foram fortalecidos pelos relatos do
testemunho fiel do bispo de Esmirna.
... Eis que o diabo...
Por trás de toda perseguição,
estava a ação do mal, do diabo.
... Está para lançar em prisão alguns
dentre vós, para serem postos à prova...
As prisões Romanas em Esmirna
eram terríveis, sempre temidas por todos. Paulo afirma em Romanos 13, que o
estado é para louvor dos bons e castigo para os maus ele não estava brinco.
... E tereis tribulação de dez dias...
Por não querer custear os
criminosos, os presos não duravam mais que o tempo padrão de 10 dias, na
prisão. Depois disso, se ainda sobrevivessem eles eram mortos, ou surrados e
jogados na rua, quase mortos. Geralmente ninguém sobrevive.
... Sê fiel até à morte...
Tudo isso era uma provação, e os
cristãos de Esmirna deveriam permanecer fiéis até mesmo diante da morte, ou
nela, Eles deveriam lembrar que Deus estava no controle de tudo.
... E dar-te-ei a coroa da vida...
A referencia a coroa era muito
comum aos cidadãos de Esmirna. Primeiro, os prédios públicos da cidade tinha
formato de uma coroa, o que trazia muita admiração. Além disso, a coroa era o
galardão que todos os atletas vencedores recebiam. No entanto, a recompensa que
cristo dará aos que, mesmo diante da morte, não negarem, será a coroa da vida
(I Coríntios 9.24-27).
11 Quem tem ouvidos,
ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da
segunda morte.
... Quem tem ouvidos...
Mesmo sendo uma carta direcionada
para o líder, ou seja, para o anjo da igreja, o seu conteúdo não era somente
para ele, e sim para toda igreja, para cada crente individualmente, para todos
aqueles que têm ouvidos para ouvir.
... Ouça o que o Espírito diz...
Sabemos que quem está falando a
João é o Senhor Jesus Cristo ressuscitado (Apocalipse 1.9-20). Contudo, é pelo Espírito
Santo que essas palavras estão sendo pronunciadas e conduzidas, e , portanto,
são palavras inspiradas.
... Às igrejas...
O conteúdo da carta, mesmo sendo
direcionado inicialmente á igreja em Éfeso, é palavra de Deus as igrejas de
Cristo, conforme plural utilizado: “As igrejas”.
... Ao vencedor...
Dentro do contexto da carta,
vencedor é aquele que se arrepende, volta a praticar as obras com o primeiro
amor, e persevera nessas obras.
... De nenhum modo sofrerá o dano da
segunda morte.
A negação grega é enfática – eles
não serão feridos de nenhuma maneira. Os crentes e os nãos crentes passam
igualmente pela morte física. A primeira morte, para as pessoas de Esmirna,
poderia perfeitamente ser o martírio. Mas, mesmo assim, eles seriam vitoriosos,
porque não enfrentariam a segunda morte. Todas as pessoas ressuscitarão, mas os
crentes serão ressuscitados para a vida eterna com Deus, ao passo que os não
crentes serão ressuscitados para serem punidos com uma segunda morte. A separação
eterna de Deus (Apocalipse 20.14; 21.8,27; 22.15).
Fontes Principais:
·
Estudos
Bíblicos – Professor Gerson Júnior (As Sete Igrejas do Apocalipse)
·
Os Cem
Acontecimentos mais Importantes da História do Cristianismo
Comentários
Expositivos:
·
William
Barclay
·
Dwight L.
Moody
·
Comentário
Bíblico da NVI
·
Comentário
Wesleyana
Bíblias Utilizadas:
·
Bíblia de
Estudo de Genebra
·
Bíblia na
linguagem NVI
·
Bíblia
Almeida Revista Corrigida
Agradecimento:
Ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único,
honra e glória pelos
séculos dos séculos. Amém!
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